Por trás de toda comunicação, seja ela uma camiseta estampada ou um texto de blog: tudo é reflexo do tempo em que se vive. E a moda sobrevive disso.
Por que cabelos emaranhados, sapatos estilo pantufa e camisetas estampadas com mensagens são consideradas as novas tendências do momento?
Em um mundo onde estar offline tornou-se um tipo de luxo, o que ganha atenção é justamente aquilo que têm de mais real.


O universo performático anda se mascarando atrás daquilo que uma vez consideramos a “realidade”, ou seja: uma rotina sem maquiagem, a vida cotidiana do transporte público, das tarefas domésticas, de uma conversa sensata entre amigos e momentos de profunda solidão.
E assim vemos passarelas repletas de modelos maquiados com olheiras nos olhos, pijamas e aventais de cozinha.
Se já havíamos uma questão em relação a quantidade de informação que recebemos, tudo passou a ficar ainda mais surreal (literalmente) com a chegada da inteligência artificial. E assim o mundo fica cada vez mais tosco, e também cada vez mais brilhante.
A verdade é que eu mesma pensei em jogar esse texto no Chat Gpt.
Acredito que essa linha tênue entre a tosquice e o brilhantismo é formada através do ímpeto e objetivo de cada um.
A ferramenta existe e isso não é uma linha tênue: é um fato, um artefato.
Voltando para a moda… O significado desse nome carrega um sentido bem mais profundo do que parece. Moda é matemática. Moda é o que surge e repete, é o que aparece e volta à aparecer. Talvez a moda, hoje, seja uma tentativa de voltar para o tempo antes disso tudo. O tempo em que a moda era exclusiva e vanguardista.
É só pensar nos filmes e desenhos animados que retratam o futuro.
Como que o passado conhece tão bem o futuro? E por quê o presente deseja tanto voltar ao passado? O filósofo francês contemporâneo, Lipovetsky, diz que “O Novo tem menos valor”. Para ele, “o paradoxo é que hoje, justamente quando a lógica da moda toma conta de tudo, ela se torna menos importante.”
Ou seja, a moda se volta contra si mesma, é um movimento disruptivo que acaba por valorizar conforto, despojamento e comunicação. É uma resposta de comportamento. E como toda ruptura, vêm carregada de contradição.
Para empresas como a Dimona, é crucial entender isso, pois vendemos um produto absolutamente emocional. Unir o que há de mais tecnológico em nosso universo: a estampa, o maquinário e a inteligência artificial com aquilo que têm de mais sincero, como a nostalgia e a saudade.

Empresas familiares carregam essa dicotomia. No meio do furacão, recorrentemente somos lembrados daquilo que veio antes.
A Dimona é uma empresa que surgiu de uma luta. Um refugiado atrás do ganha pão. Um estrangeiro que precisava sobreviver. É aqui que mora a real beleza do empreendimento. E quanto mais longe vai a empresa, mais perto se fica dessa história.
Em um tempo em que a performance vem antes do “bem feito”, esquecemos que simplesmente fazer o bem é, sim, algo extraordinário. Gerir uma empresa com empregados contentes é extraordinário. Desenvolver uma estampa, seja ela feita por um designer, uma criança ou pela inteligência artificial também é algo extraordinário. Ver um cliente feliz com o resultado é extraordinário.
A moda já não se reconhece em logos gigantescos.
Não se reconhece na ostentação.
A moda pede por consciência, a moda deseja revolução mas está cansada demais para isso, e assim chega a mensagem. A mensagem que antecede a mudança radical. É um pedido, um aviso, um grito.


A tentativa falha da alta produtividade e desempenho impecável, desencadeia o burnout. O mesmo ciclo funciona para a moda: aquilo que era considerado “belo” passa a ser visto como resultado de uma doença pandêmica, onde todos estão mais preocupados em performar ao invés de ser. Daí entram camisetas estampadas de revolta, sinceridade e um toque de sincericídio.
Afinal, não existe nada mais claro do que a palavra.
A revolta do cansaço é a mesma revolta pelo excesso de positividade. É a modernidade ocidental em decadência diante daquilo que ela mesma criou.
Referências: